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3 em 1 - Três dos rios mais poluídos do Brasil em um estado: Rio Grande do Sul

Júlia Sbampato

Vivemos em um país com uma das maiores reservas de água potável do mundo, ainda assim 20% da população urbana não dispõe de rede de água e esgoto, e 65% das internações pediátricas são causadas pela poluição da água.

O Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, possui 281.748 km² e mais de 11 milhões de moradores, de acordo com o último IBGE de 2016. Deste número, quase 1,5 milhão são servidos por três dos rios mais poluídos do Brasil: o dos Sinos, Gravataí e Caí, que ocupam, respectivamente, a 5ª, 6ª e 8ª posição no ranking.

De acordo com o professor de Biologia, Antônio Silvio Hendges, o estado precisa ficar alerta e aperfeiçoar o uso, conservação e recuperação dos seus recursos hídricos.

"O Rio Grande do Sul pode enfrentar os seus possíveis problemas quanto à disponibilidade de água no futuro (não muito distante), mas para isso precisa identificar agora e agir imediatamente", afirmou.

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Foto: Diego da Rosa/GES (Rio Sínos)

Apesar de que as três bacias possuem planos de melhora, apenas o Sinos tem conseguido avançar, explicou o consultou ambiental, Sidnei Agra.

Além de estudar a possibilidade de tratar os dejetos por meio de plantas aquáticas, uma frente de trabalho foi montada no Rio dos Sinos para concluir projetos de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori assinou um termo de cooperação em maio de 2018 para que, a partir de junho, mais de um milhão de mudas de árvores nativas fossem plantadas em 710 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APP) da bacia do Gravataí como uma possível tentativa de recuperação.

Em busca de uma solução para o Rio Caí, o Comitê Caí, junto ao governo do Estado, realizou e concluiu o Plano de Bacia do Caí, dividido em três fases: A (diagnóstico), B (prognóstico e enquadramento) e C (definição de ações, de critérios para outorga e recomendações para a cobrança pelo uso da água). O problema é que, para colocar em prática o plano, são necessários R$446 milhões, sendo que R$390 milhões são apenas para obras de saneamento.

Será necessário, portanto, para os três rios, além da união entre comitês e os poderes públicos, o desembolso de uma grande quantidade de dinheiro e vontade de mudar a situação, para que algum dia os rios possam sair de vez do ranking dos mais poluídos do país.

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Foto: FEE/Divulgação (Rio Gravataí)

Rio dos Sinos

Ocupando o 5º lugar do ranking, o rio possui área de 3.746,68km² e abastece cerca de 1.249.100 habitantes. 

O rio mais poluído do Rio Grande do Sul é o berço do primeiro comitê de gerenciamento de bacia hidrográfica do Brasil. Os principais motivos para sua poluição estão relacionados ao despejo de dejetos pelo parque industrial, com destaque da indústria coureiro-calçadista, do setor petroquímico e metalúrgico. 

Rio Gravataí

O rio que ocupa o 6º lugar possui área de 1.977,39km² e abastece uma população estimada de 1.298.046. 

Considerado o mais sensível da região, o Gravataí é incapaz de realizar a regulação natural de sua vazão. A irrigação de lavouras de arroz, as indústrias automobilísticas, de produtos alimentares e bebidas, além da diluição de esgotos domésticos, são os motivos que colaboraram para a redução da capacidade de acumulação de água. 

Rio Caí 

Com a maior superfície, de 4.945,70km² e a menor população abastecida dentre os três - 489.746 -, o Rio Caí é considerado o 8º mais poluído do Brasil.

Os principais motivos que causaram o impacto ambiental foram devido a exploração agrícola intensa, grande volume de esgotos domésticos na região de Caxias do Sul, desmatamento das encostas declivosas e a poluição hídrica no curso médio e inferior.

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Foto: Castor Becker Junior/C5-Newspress (Rio Caí)

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