Mato Grosso do Sul
Quando as águas do rio sobem...
Jade Fagundes
Aquidauana significa muito mais que o nome de um rio ou de uma cidade na região pantaneira do estado de Mato Grosso do Sul. A palavra tem origem indígena assim como a maior parte da população da cidade e significa rio estreito, por mais que a largura de suas margens se alterem ao longo de toda a extensão sul-mato-grossense, cortada por suas águas.
O rio Aquidauana, que deu nome à pequena cidade com cerca de 45 mil habitantes, conforme dados de 2010 do IBGE, compõe a bacia hidrográfica que banha o estado e leva vida para milhares de pessoas. A população ribeirinha da cidade que ocupa o curso do rio sobrevive por meio das mais variadas ocupações, que vão do agronegócio e da criação de animais a atividade industrial, porém, a cidade tem crescido e se desenvolvido de maneira que a natureza não tem conseguido acompanhar. Uma das consequências disso são os inúmeros casos de inundação na cidade.
Apenas uma chuvinha mais forte é necessária para que o rio transborde e alague as ruas da cidade. Uma das principais causas dos transbordamentos é a falta de respeito que pode ser percebida pelo desmatamento das áreas próximas ao rio e pela presença de lixo e entulho no leito, o que causa o assoreamento, ou seja, a terra e o lixo ficam acumulados no fundo do rio, fazendo com que ele comporte, cada vez mais, menos água.
Além disso, a cidade de Aquidauana passou por várias transformações nos aspectos de planejamento e gestão urbana, em 1950. Mesmo assim, em 2001, a gestão municipal permitiu que fosse construído um loteamento em toda a margem do rio, em áreas consideradas de Preservação Permanente. Esse foi um agravante na situação, que favoreceu drasticamente os alagamentos.
O histórico da cidade é repleto de casos assim: com o avanço das águas, a população chega a perder quase tudo que conquistou. Em 2014, por exemplo, cerca de 40% das casas estavam inseridas na zona de risco de inundações. No começo deste ano, as chuvas de verão também impactaram a pequena Aquidauana, que ficou debaixo d’água. O rio subiu mais de 10 metros e deixou centenas de desabrigados. Os salões comunitários, pátios de escolas e áreas públicas, serviram de abrigos provisórios para a população atingida.
A cidade de Aquidauana desfruta dos benefícios de uma cidade ribeirinha, mas também sofre com os malefícios intensificados por ações humanas. De acordo com dados divulgados pela prefeitura da cidade em fevereiro deste ano, 750 pessoas ficaram desabrigadas. Ainda segundo a prefeitura, obras de prevenção às enchentes serão estudadas. Enquanto isso, a gestão aposta em medidas de conscientização da população.