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Alto nível de mercúrio no Amapá provoca riscos à natureza e ao homem 

Camila Almeida

As mesmas águas que são fontes de alimento e vida aos curumins que vivem às margens dos rios ao norte do Brasil, também podem causar muitas vezes a contaminação por mercúrio devido alta exploração do ouro no local.  A contaminação na região e na Amazônia como um todo, continua crescendo junto com os garimpos impulsionados pelo preço do ouro que continua crescendo.

 

O Amapá, situado na região norte, é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Sua rede hidrográfica é formada por rios que exercem um grande papel econômico na região desde a sua atividade pesqueira até seu transporte hidrográfico. A maior parte de seus rios desaguam no Oceano Atlântico, porém sua biodiversidade vem sendo ameaçada, desde que um estudo identificou um elevado nível de mercúrio nos rios Amapari, Araguari, Oiapoque e Jari. 

 

 

 

  

 

 

 

  

 

  

  

 

  

  

 

 

  Foto: Brasil Turismo

 

  

WWF-Brasil (link), Fiocruz e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBIO) em parceria com o Instituto de Pesquisas do Amapá (Iepé) realizaram um estudo nos últimos anos que identificou, por meio da análise de amostras de espécies de peixes coletadas na região, a contaminação dos quatro rios do Amapá. Uma das vias fluviais fazia parte da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), que foi extinta pelo governo no fim de 2017.    

 

A Renca era uma área de preservação mineral localizada no nordeste da Amazônia, na fronteira do Pará e do Amapá, em uma região pouca explorada da Amazônia. A reserva englobava várias áreas protegidas na região norte, além de possuir duas reservas indígenas e sete unidades de conservação ambiental. Segundo a WWF, em relatório técnico sobre a “Situação Legal dos Direitos Minerários da Reserva Nacional do Cobre”, a extinção da Renca traz grandes impactos como o aumento do desmatamento, a conservação da biodiversidade, o crescimento da grilagem de terra e o direito dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.   

 

A principal causa da alta contaminação nos rios é resultado de cadeias ilegais, como o garimpo, que tem como base a demanda pelo ouro. O garimpo cresceu e continua se expandindo na região norte da Amazônia, com isso a contaminação por mercúrio vem afetando principalmente as comunidades tradicionais e as aldeias indígenas do local.

 

O IEPÉ vinha monitorando os garimpos em volta das terras indígenas, trabalhando junto à FUNAI e ao MPF em alguns casos mais graves pelo monitoramento de peixes nas unidades de conservação. A partir de uma experiência realizada pela FioCruz surgiu a idéia de avançar nas analises da região

 

 De acordo com Décio Yokota, coordenador executivo do Iepé, a idéia de testar os peixes, é justamente por esse ser o principal vetor de contaminação da população por meio da alimentação. “Temos aprofundado os estudo dessa parte ambiental, dos peixes, mas também de sedimentos. Não iniciamos ainda a parte humana, pois ainda não conseguimos assegurar os recursos para isso, já que é uma etapa bem mais custosa. Mas o objetivo é esse, para que possamos ter dados qualificados para contrapor a discurso do garimpo e mineração, aquele dos recursos que o Brasil precisa dispor ajudar o desenvolvimento econômico”.  

 

 

Consequências da contaminação

 

O teor de mercúrio detectado nas espécies de peixes dos rios no Amapá apresentou um número 22 vezes maior que o recomendado para o consumo humano. O mercúrio é um metal pesado encontrado em baixas concentrações no ambiente, sendo naturalmente liberado devido a processos erosivos e erupções vulcânicas.   

A contaminação desses rios se dá especialmente em atividades garimpeiras, na extração da terra de substâncias minerais úteis ou preciosas. Nesses casos o garimpo é usado para dissolver partículas de ouro que se encontram junto a pedras e areia, formando uma liga líquida de um metal com mercúrio.

 

Ao consumir os peixes com alto nível de mercúrios que estão sendo encontrados nesses rios, os indivíduos estão provavelmente ingerindo um alimento contaminado por metilmercurio, o que acaba levando em conseqüência a sua intoxicação. A ingestão pode provocar danos ao sistema nervoso central, disfunções neurais, e em casos graves, leva à paralisia e à morte.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Foto: G1 Portal de Notícias

 

 

Convenção de Minamata

 

 Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Decreto Nº 9.470, foi promulgada a Convenção de Minamata por Mercúrio e a partir do dia 14 de agosto de 2018a convenção entrou em vigor em todo o território nacional. A convenção tem como principal intuito proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos de emissões e liberações de mercúrio e seus compostos.

  

A convenção é um marco visto que a maioria dos países concordou que o uso do mercúrio precisa ser eliminado, porem ainda há muito a ser feito. “Esperamos que essa mobilização (e compromisso legal do Brasil) também se traduza em uma política efetiva de controle e eliminação do uso desses produtos pelos garimpos no Brasil. Não é razoável achar que essa demanda vai baixar, a não ser por uma conscientização das pessoas do impacto das pessoas demandarem esse metal. Precisa haver uma conscientização das pessoas que nossa demanda por ouro tem um impacto profundo na vida dessas comunidades do interior da Amazônia.” ressalta Décio Yokota. 

  

  

  

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

  Foto: G1 Portal de notícias

 

Foto: Brasil Turismo
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