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O Rio São Francisco na Bahia: História e Importância

Lucas Assis

Com a nascente na Serra da Canastra (MG) e uma extensão de 2.863 quilômetros, o Rio São Francisco detém uma presença enorme na vida dos brasileiros.

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Popularmente conhecido como Velho Chico, o Rio São Francisco foi descoberto pelos colonizadores em 1502 e é um dos maiores tesouros ambientais do Brasil. Na sua longa extensão pelo país, o rio banha cinco estados brasileiros, sendo eles Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e parte do Distrito Federal e Goiás. Essa ponte de ligação entre os estados é tão importante, que o rio é considerado o Rio da Integração Nacional. Ele recebeu esse título por representar a diversidade climática das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. 

Além disso, o rio possui uma grande fonte de energia elétrica. No seu percurso, existem seis usinas hidroelétricas, sendo cinco localizadas na região Nordeste (Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso, Sobradinho e Xingó) e apenas uma na Sudeste (Três Marias). Em entrevista para o G1, em 2017, o professor de geografia, Evandro Costa, fala da importância econômica do rio, como a exportação de frutas.

“A importância do Rio São Francisco vai além da produção de energia. A exemplo da fruticultura irrigada envolvida no Vale do São Francisco, entre as regiões de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), onde há a maior produção de frutas como manda e uva voltadas para a exportação”, disse.

Ainda na região Nordeste, o Projeto de Integração do Rio São Francisco é promovido pelo Ministério da Integração Nacional. O projeto é a maior obra de infraestrutura hídrica do país, com 477 quilômetros de extensão e tem como finalidade garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 munícipios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

A região também passa por grandes problemas ambientais, como destaca o professor Evandro. “A região passa por uma escassez de água muito forte em longos períodos do ano o que faz com que a retirada de excessiva e o próprio processo de produção agrícola também acabem promovendo degradação das suas margens, da sua vegetação ribeirinha”, completa Costa.

Cultura

A riqueza cultural propagada pelo rio São Francisco é mundialmente famosa, principalmente pelos livros do autor baiano Jorge Amado e até na novela da Rede Globo, ‘Velho Chico’. O rio possui grande força cultural entre os brasileiros, desde suas belíssimas e marcantes paisagens, até suas lendas.

Os pescadores do Velho Chico são os principais responsáveis pelo compartilhamento de diversas histórias do rio. Do jeito que eles se alimentam pela pesca, suas histórias alimentam a mitologia do São Francisco. Como a lenda mais popular, a Mãe D’agua, que fala sobre uma mulher de cabelos longos e verdes, com causa de peixe, sempre vista em cima das pedras das cachoeiras.

Em entrevista ao Jornal Grande Bahia, a historiadora Maria Izabel Muniz Figueiredo, enxerga grande importância nessas lendas. “As lenda, ainda hoje, estão vivas no imaginário do povo ribeirinho. Enquanto eu tiver vida, eu continuarei divulgando essa riqueza cultura”, disse a autora da obra “Lendas e Mitos do rio São Francisco”.

Tais lendas e mitos ainda fazem parte do cotidiano das pessoas que vivem perto do rio e são partes fundamentais na persistência do Velho Chico no imaginário de diversos brasileiros.

IBOTIRAMA – BAHIA

Ibotirama é uma cidade do interior e fica há 655km da capital baiana, Salvador, e é um dos munícipios brasileiros banhados pelo Velho Chico. Com 27.405 habitantes, a cidade é situada no baixo Médio São Francisco.

Segundo o morador da cidade, Wandeberg Nogueira, de 21 anos, muitas pessoas da região vivem da pesca para sustento. “Tem pessoas daqui que vivem da pesca e o pessoal que mora nas ilhas/povoados da cidade, dependem do rio para se sustentarem através da agricultura”, contou.

 

Uma antiga lenda da região também é lembrada pelo morador. O ‘Vapor Encantado’ representa uma forte ligação da cidade com a mitologia do rio. Segundo a lenda, “existia no Velho Chico um ‘Vapor Encantado’, cuja aparição era presenciada pelos moradores ribeirinhos. Tudo acontecia assim: em noite de lua cheia, alguns moradores avistavam uma luz e afirmavam que era um navio a vapor que se aproximava; viam, inclusive, a fumaça da chaminé. Formava-se então uma pequena multidão às margens do Rio São Francisco para aguardar a sua chegada. Depois de muito aguardar, a luz começava a desaparecer e o “Vapor” nunca chegava”.

Nogueira fala um pouco do pôr do sol, elogiado por milhares de turistas que passam pela cidade. “O Pôr do Sol de Ibotirama é conhecido como um dos mais belos da Bahia. Visto no São Francisco, a beleza do rio é destacada de forma magnífica”, finaliza Wandeberg.

FOTO: Ministério da Pesca e Agricultura (Divulgação)
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CREDITOS Alex Oliveira - Cultura e Reali
FOTO: Alex Oliveira

Wandeberg destaca o barco escola, um barco ancorado na beira do rio com diversos livros, fotos antigas da cidade e projetos culturais. O Vapor São Salvador foi adquirido pela prefeitura de Ibotirama e se tornou uma escola móvel. São promovidas diversas atividades, como palestras sobre preservação ambiental do Velho Chico, fotografias e filmes culturais da região.

CREDITOS FUNCED ITINERANTE.JPG
FOTO: FUNCED Itinerante
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