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Plástico: uma ameaça além dos canudinhos

Por Lucas Assis Matheus Augusto

Quase 113 Copas do Mundo - ou 450 anos: esse é o tempo médio de decomposição de uma simples garrafa plástica. Ainda há sacolas, canudinhos, vasilhas... e milhões deles são usados de descartados diariamente. O problema, porém, vai muito além de apenas um longo tempo de decomposição. O descarte em locais inapropriados, entre eles, rios e oceanos, e a falta de políticas públicas e de conscientização acabam tornando o plástico um “vilão”.

      Esse material não é biodegradável; uma vez jogado nas águas, ali permanece, flutuando e, em toneladas, destruindo o ecossistema marítimo. Em uma matéria sobre os canudos de plástico, a revista ÉPOCA (lapontou dados alarmantes: “o Fórum Econômico Mundial relata a existência de 150 milhões de toneladas métricas de plásticos nos oceanos. Caso o consumo de plástico siga no mesmo ritmo de hoje, cientistas preveem que haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050.” Como o próprio texto diz, assumindo uma posição otimista, imagina-se que a produção de plástico se manterá a mesma. Toneladas e toneladas desse produto e suas variações são produzidas e utilizadas, mas a atenção governamental parece progredir lentamente.

      Nessa mesma reportagem, a revista cita uma pesquisa realizada pela Science, em 2015. Dentre os resultados estão: I) a humanidade produz 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano; e, II) desses, entre 3,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas acabam tendo como destino final os oceanos. É a sentença de morte para milhares de animais, como a baleia encontrada morta na Espanha, com 29 quilos de plástico no estômago. Os animais aquáticos não conseguem distinguir o que podem ou não comer, mas nós, humanos, somos capazes de decidir entre utilizar produtos ecológicos ou condenar milhões de animais à morte.

      Em seu artigo de opinião “Planeta Plástico: uma ameaça real” na revista Jornalismo e Cidadania, da UFPE, o professor de Ciência Política, Marcos Costa, detalha os danos causados pela ingestão de microplásticos por animais marinhos: “chances reduzidas de reprodução; crescimento e locomoção mais lentos; bem como uma maior tendência à inflamação e maior mortalidade”. Um gigante ecossistema vive cercado de toneladas de plásticos sob os rios. Com o alto tempo de decomposição, o problema se agrava. Gerações e gerações de peixes, tartarugas, baleias e outros animais marinhos terão o plástico como prato principal.

      Em julho de 2018, foi sancionada pelo atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, a lei que obriga os comerciantes a fornecerem aos consumidores apenas canudos feitos com material ecologicamente correto. O projeto tem como função alertar sobre a necessidade de controle material na natureza. O texto “obriga os restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes do Município do Rio de Janeiro a usar e fornecer a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante”. Também no artigo do projeto, há uma multa estipulada em até R$3 mil aos estabelecimentos que descumprirem a lei.

      Segundo especialistas, o canudo de plástico não é, nem de longe, o maior problema ambiental. Mas colocando o canudo como pauta de consciência da natureza, é esperado que, dessa maneira, a causa social ecológica chame atenção do grande público sobre os problemas envolvendo o plástico.

      A campanha da proibição dos canudos plásticos ocorre no mundo inteiro e ganhou força em 2018. Empresas como o McDonald’s e a Starbucks já se posicionaram e anunciaram que irão parar com a distribuição dos canudos. Países como Reino Unido e Irlanda já abrem discussões sobre o consumo do uso dos plásticos, que hoje atinge diversas regiões marítimas ao redor do mundo.
      O Rio de Janeiro foi a primeira capital brasileira a seguir essa linha mundial contra os canudos e já passa por mudanças. Segundo matéria do G1, a busca por objetos com substitutos ao plástico aumentou de forma significativa. Produtos de papel, bambu e inox estão sendo os mais procurados pelos comerciantes já estão em falta na capital carioca, devido a alta demanda.

      A cidade mineira de Divinópolis também aderiu à medida. Os estabelecimentos estão proibidos de distribuir canudos plásticos; apenas os biodegradáveis ou recicláveis podem ser fornecidos aos consumidores. É uma medida pequena, mas significativa.

      A discussão também chegou ao Senado. O morador do Rio de Janeiro, Rodrigo Oliveira, abriu para votação no Portal e-Cidadania, uma ideia que busca elevar a lei para todo o país, além de proibir a distribuição de sacolas plásticas e o uso de microplásticos em cosméticos. “Com a proibição e limitação do uso de plásticos, será possível reduzir drasticamente a quantidade de material depositado nos lixões, rios, lagoas, praias e oceanos, permitindo a recuperação da fauna e flora terrestre e marinha, reduzindo o impacto humano nestes ambientes“, descreve Rodrigo.

      É de extrema importância dar espaço para o ativismo ambiental. Pouco se discute, nas grandes mídias, o impacto ambiental trazido pelas atividades humanas para produção de bens materiais - facilmente trocáveis por produtos sustentáveis de mesma função. Muitas pessoas poderiam estar aderindo novas práticas de consumo

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ecológico, mas quantas delas sabem de produtos alternativos? Todo indivíduo tem o direito à informação, e merecem saber do impacto no ecossistema animal e natural, e, claro, das alternativas. Não podemos condenar animais e a contaminação de recursos naturais cruciais para a sobrevivência, apenas pela desinformação.

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