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Agricultura sustentável se torna herança familiar

A forma de cultivar alimentos tem gerado a subsistência de famílias por anos

 

Lucas Alcântara e Lethícia Monteiro

 

Em tempos de recessão econômica e grande crise no setor de agronegócio no Brasil, a agricultura sustentável tem sido a saída para muitas famílias brasileiras. Por mais que o termo “sustentável” tenha sido descontruído ao longo do tempo, entende-se como sustentável a produção que além de respeitar o meio ambiente, ainda consegue ser viável para fatores comerciais. Ou seja, além de não agredir o solo, ainda permite a venda dos produtos produzidos.

            Em Felixlândia, Minas Gerais, a produção sustentável se tornou a marca da família Martins. Desempregado há mais de 7 meses, o agora agricultor, José Martins Souza, 65, investiu na técnica do plantio para, além de obter renda, ganhar espaço no meio em que vive. “Começou quando eu estava desempregado. Eu percebi que tinha uma boa parte de terra que poderia ser aproveitada, mas não sabia ao certo como fazer, já que meu emprego anterior era de comerciante”, explicou.

            Em pouco tempo, José aprendeu como cultivar ramos e hortaliças através treinamentos e sugestões da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER). O terreno, que até então não era utilizado para fins de plantio, passou a gerar a fonte de renda para a família. “Primeiro, aprendi como plantar a cenoura e a couve. As demais hortaliças foram no teste, muitas deram errado e outras acabaram dando certo. Eu percebi que podia vender os legumes e acabei vivendo disso”, contou.

            José informou que atualmente, recebe, aproximadamente, dois salários com a venda dos legumes em barracas e supermercados, ultrapassando o valor médio que recebia no antigo emprego. O agricultor também comentou que o diferencial da plantação se dá pelo não uso de agrotóxicos e demais pesticidas e fertilizantes. “É preciso respeitar a terra. Cada vez que você usa um veneno para matar insetos ou qualquer tipo desses agrotóxicos, além de danificar os legumes, você também acaba matando a terra. E depois? Onde vou encontrar mais terras para plantar? Todos deveriam fazer isso, respeitar a terra, pois é dela que tiramos nosso pão de cada dia”, afirmou.

 

A herança familiar

Outro exemplo de como a agricultura sustentável pode auxiliar na renda familiar é o caso de Maria José, 59. Mãe de dois filhos e dona do lar, em Divinópolis, teve de que aprender muito cedo a arar a terra e plantar todo tipo de legumes e hortaliças para sobreviver. “Quem me ensinou foi meu pai, quando morávamos na roça. Eu sempre o ajudava a cavar os buracos, colocar as sementes e essas coisas de plantação. Até aprendi a colher no tempo certo, não tirar da terra antes da hora”, explicou.

A dona de casa contou que, por motivos financeiros e problemas pessoais, teve de utilizar as hortaliças como forma de obter renda por um extenso período de tempo. “Na época, quando engravidei, acabei tendo que criar o meu primeiro filho sozinha. Foi uma fase muito difícil, eu não encontrava emprego em lugar algum. A minha sorte foi que eu podia vender minhas plantinhas, pelo menos deu pra levar e nos sustentar durante um tempo”, afirmou.

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Foto: Emerson Heleno

O que era apenas uma forma de sustento acabou sendo passado de geração em geração. Hoje, com 24 anos de idade, Emerson Heleno, filho de dona Maria, revelou que tomou gosto pelos ensinamentos da mãe e pretende dar continuidade à pequena horta cultivada em casa. “A minha mãe sempre fez questão que aprendêssemos a plantar alguma coisa. No começo, eu nem gostava muito, mas acabei curtindo aos poucos. É bem legal até. O bom disso tudo é que você sabe muito bem o que está comendo”, observou. A agricultura sustentável se mostra, pois, um bom caminho tanto para o meio ambiente quanto para as famílias que, dela, retiram seu sustento.

Fonte: Paulo Vitor 

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