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Segurança alimentar: para quem mesmo?

Por: Ana Luiza Avelar e Júlia Serra

Já se passaram mais de dois séculos desde a primeira Revolução Industrial e, nesses 258 anos, muitas coisas mudaram, inclusive, a forma como nos alimentamos - ou somos alimentados. Os tempos modernos fizeram consumidores mais exigentes por qualidade e aparência dos produtos, ao mesmo passo que trouxeram consigo o desafio de produzir quantidade suficiente de alimento para 7,2 bilhões de pessoas, mas esse objetivo não poderia ser cumprido sem altos investimentos em maquinário e biotecnologia.

 

A prática da agricultura é uma das mais antigas atividades desenvolvidas pelos humanos e, no princípio, ocupava uma função complementar na alimentação, uma via de sobrevivência paralela à caça e à coleta de frutos ou plantas. Mas o setor agrícola - antes parte de um movimento de busca por sobrevivência - tornou-se uma das atividades mais lucrativas da atualidade.

 

O processo de industrialização das sociedades permitiu a transformação do espaço geográfico no meio rural, o que ocorreu graças à inserção de maiores aparatos tecnológicos na produção agrícola, permitindo uma maior mecanização do campo. Essa transformação materializou-se a partir do fornecimento de insumos da indústria para a agricultura, tais como maquinários, fertilizantes e objetos técnicos em geral. Isso fez com que o Brasil, por exemplo, pudesse se tornar um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, intervindo diretamente, não só na economia do país, mas na sua influência sobre as nações dependentes da nossa produção.

 

O agricultor Luiz Alexandre Avelar, 43, dedica-se à prática agrícola há mais de 20 anos e planta em média 1100 hectares por ano. Há uma boa diversificação em termos de produção, mas o milho, o feijão e a soja estão, no entanto, entre as principais safras. A produtividade é grande: o agricultor colhe em média, por hectare, 59 sacos de soja, 232 de milho e 63 de feijão. Para isso, Luiz investiu em duas máquinas colheitadeiras, dois tratores, um pulverizador de grãos e instalou um pivô na quase totalidade de suas terras.

 

No entanto, enquanto a exportação de alimentos gera lucros altíssimos aos grandes agricultores, ainda existem, no Brasil, milhares de famílias que enfrentam a fome diariamente. A contradição é grande, até porque a segurança alimentar, conforme o governo brasileiro prevê, "consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais”. No momento, são apenas palavras, afinal, segundo a ONU são cerca de 5,2 milhões de famintos no país.

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