Os desafios dos jovens que vivem em comunidades rurais
Camila Almeida
João Victor
De acordo com o IBGE, o censo demográfico de 2010 apontou que 84,4% da população vivem em áreas urbanas e 15,6% em zonas rurais. Nessas comunidades, residem muitos jovens que passam diariamente por transformações no meio rural, como a diminuição das atividades não-agrícolas.
Enquanto o plano de futuro dos jovens na região urbana significa um processo de escolha de uma profissão, para os jovens rurais essa visão já é um pouco mais difícil. A maioria deles, atualmente, ainda passa pela decisão de ficar com a família no local de origem ou se mudar para áreas urbanas em busca de melhores oportunidades.
A questão da migração envolvendo os jovens rurais pode contribuir para compreender a realidade em que eles vivem. As expectativas de permanência nas atividades agrícolas da juventude estão, muitas vezes,direcionadas a fatores socioeconômicos externos e internos, relacionados à família e, principalmente, no que diz respeito a sua escolha profissional e valorização do agricultor em relação a outras atividades.
Segundo a matéria“É preciso criar incentivos para reter jovens no campo”, publicada pela Folha de São Paulo dia 28 de novembro, a migração desses jovens acontece, na maioria das vezes, porque eles não recebem incentivo suficiente para viver e trabalhar no campo. Além disso, faltam boas oportunidades de renda, políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento, acesso à saúde e educação, e uma boa relação com os pais, de quem devem herdar a propriedade no futuro.
Jovens rurais no município de Divinópolis
Segundo o Diagnóstico Intersetorial Municipal, do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que utiliza dados de censo do IBGE de 2010 e 2016, Divinópolis possui 232.945 habitantes. Da população infanto-juvenil, de 0 a 17 anos, 51.908 (97,5%) são de área urbana, enquanto 1.304 (2,5%) são de área rural.O estudo também aponta que, no Programa Mais Educação, o município tem um contingente de 19 escolas que aderiram a ele no ano de 2014, mas nenhuma delas era localizada na área rural.
Além dessa discrepância de recursos destinados para a educação de jovens da área rural, o estudo também mostra que eixos de proteção social e defesa, e responsabilização – que abrangem áreas como acompanhamento de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil e de suas famílias, aprendizagem com contrato de trabalho especial, educação integral com programa “Mais Educação”, e saúde –, têm a maioria dos recursos direcionados para os jovens da área urbana e, por vezes, nem atingem os jovens de área rural do município.
Com as informações apresentadas no estudo, é possível se ter uma noção sobre os motivos pelos quais jovens rurais migram para a área urbana que, por sua vez, recebe muito mais recursos: eles vão para as cidades à procura de novas oportunidades.
Veja aqui as informações apresentadas no estudo da PETI.
As comunidades rurais de Divinópolis no meio digital
Após busca no servidor Google, foi realizada uma análise sobre quais tópicos apareciam na página principal de pesquisa sobre as comunidades rurais em Divinópolis. Os dados são os seguintes:
- Amadeu Lacerda: horário de ônibus, localização, lojas e serviços;
- Boa Vista: localização e uma reportagem sobre inauguração de obra na comunidade;
- Branquinhos: notícias sobre Festa de Reinado e Festa de Santa Cruz, página no Facebook, localização e notas da prefeitura;
- Buritis: localização, página no Facebook, horário de ônibus, notícias sobre a Festa de Santa Cruz;
- Cachoeira Ponte de Ferro: localização, histórico e página no Facebook;
- Cachoeirinha: localização, evento rural, lojas e serviços;
- Choro: horário de ônibus e localização;
- Córrego do Paiol: localização, horário de ônibus, página do Facebook,notas da prefeitura;
- Córrego Falso: localização, nota da prefeitura e notícias sobre esporte;
- Costas: localização, notícias sobre esporte e notas da prefeitura;
- Djalma Dutra: lojas e serviços e localização;
- Lava Pés: notas da prefeitura e notas da Diocese de Divinópolis;
- Lopes: localização, página no Facebook, notas da prefeitura e da Diocese de Divinópolis;
- Mata dos Coqueiros: horário de ônibus e localização;
- Quilombo: página no Facebook, localização, lojas e serviços; e,
- Tamboril: localização e notícias sobre condições da estrada.
Com essa pesquisa rápida, constata-se que as comunidades rurais de Divinópolis não possuem grande representatividade na mídia local. Amaioria das notícias estão associadas a questões de festas religiosas, infraestrutura de transporte, esporte, e, esporadicamente, saúde e violência. Além disso, elas não são publicadas com frequência.
As comunidades não possuem meios de comunicação alternativos. Poucas delas são citadas em notícias da Diocese ou da Prefeitura de Divinópolis, sendo que essa última é um meio importante para a visibilidade dessas comunidades através das notas que publica e divulga para a mídia local.
Nas páginas do Facebook, há predominância de imagens das comunidades, mas sem publicações específicas sobre algum fato ocorrido, mostrando que a rede social não está sendo utilizada com fins informacionais.Em suma, as comunidades rurais de Divinópolis possuem pouca divulgação jornalística, além de não possuírem meios alternativos de comunicação para divulgar suas demandas e conquistas.
